XVII DOMINGO DO TEMPO COMUMDIA 24 DE JULHO(Mateus 13,44-52)
O texto de hoje é a conclusão do discurso sobre o mistério do Reino.
A primeira parábola é a do tesouro escondido no campo. A parábola não compara o Reino com o tesouro, mas quer mostrar o estado de ânimo de quem encontra esse tesouro, comparando esse estado de ânimo com o que deveria animar os que descobrem o Reino da justiça como valor absoluto de suas vidas. A segunda parábola é a da pérola de grande valor. Há algumas diferenças em relação à anterior: o fato de o comprador estar buscando pérolas e a não menção da alegria com que vende todos os seus bens. Contudo, o significado é o mesmo da parábola anterior: pelo fato de encontrar um valor maior, desfaz-se de tudo para possuí-lo, porque vale a pena. Fique bem claro, porém, que o Reino não é troca de mercadorias. Não pode ser comprado como o campo que esconde o tesouro, ou como a pérola. As parábolas querem salientar que nada faz falta a quem descobriu o sentido e valor da luta pela justiça.
A parábola da rede lançada ao mar prolonga o tema da parábola do joio no meio do trigo e tem sabor de escatologia final. Na sociedade convivem lado a lado peixes bons e peixes ruins. Quem lança a rede é Deus e só a ele compete ordenar a triagem. O juízo constará de separação. A parábola, portanto, mostra às comunidades cristãs qual será sua sorte final se perseverarem no discernimento e na opção definitiva pelo Reino de justiça.
O mistério do Reino já foi e continua sendo manifestado naquilo que Jesus diz e realiza. O que ele diz e realiza se prolonga na práxis da comunidade cristã em meio a uma sociedade conflituosa. A função da comunidade não é fazer a triagem ou fugir da realidade, mas dar continuidade à prática de Jesus. Os discípulos afirmam ter compreendido tudo isso. Por isso diz Jesus: todo doutor da Lei que se torna discípulo no Reino do Céu é como um pai de família que tira do seu baú coisas novas e velhas. O versículo faz uma comparação entre o doutor da Lei e o pai de família. É possível ver nesse doutor da Lei uma referência ao próprio autor do evangelho que relê o Antigo Testamento à luz da novidade de Jesus. Tudo faz parte do patrimônio da fé; porém, seu valor está em se ter feito discípulo do Reino.
Pode, ainda, ser uma referência à catequese. O evangelho de Mateus era uma espécie de manual do catequista cristão. Ora, também a catequese primitiva sentiu a necessidade de adaptar o núcleo central da fé às novas situações e desafios de uma sociedade conflituosa. Por isso o catequista estava e está sempre em busca de algo que, partindo da prática de Jesus, possa inspirar e levar à solução dos novos conflitos que se apresentam.
Concluímos que o Reino é o resultado de duas profundas aspirações: de Deus e das pessoas. O desejo de Deus, tantas vezes expresso na Bíblia, é que a humanidade viva em harmonia e paz. O desejo das pessoas é ter vida em abundância, numa sociedade onde as relações humanas tragam a marca da justiça, fraternidade e bem comum. O que Deus quer é aquilo a que o ser humano aspira.
Que o bom Deus nos ajude a compreendermos melhor sua vontade e abraçarmos sem medo de sermos felizes seu projeto de vida e vida em abundância. Abençoe Deus de bondade em nome do Pai, do Filho e do Espírito.
Amém.Uma ótima semana a todos!
Pe. Francisco Ivo
Paróquia São Pedro e São Paulo
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