domingo, 26 de março de 2023

O Domingo

 Comentário Litúrgico




5º Domingo da Quaresma 

Domingo, 26 de março de 2023

Evangelho (Jo 11,1-45)



Eu sou a ressurreição e a vida, diz o Senhor.

Quem acredita em Mim nunca morrerá.



A família de Betânia apresenta algumas características dignas de nota...

Em primeiro lugar, o autor da narração não faz qualquer referência a outros membros, para além de Maria, Marta e Lázaro: não há pai, nem mãe, nem filhos. Além disso, João insiste no grau de parentesco que une os três: são "irmãos" (vers. 1.2b.3.5.19.21.23.28.32.39). A palavra "irmão" ("adelfós") será a palavra usada por Jesus, após a ressurreição, para definir a comunidade dos discípulos (Jo 20,17); e este apelativo será comum entre os membros da comunidade cristã primitiva (Jo 21,23).


Por outro lado, notemos a forma como é descrita a relação entre Jesus e esta família de irmãos... Trata-se de uma família amiga de Jesus, que Jesus conhece e que conhece Jesus, que ama Jesus e que é amada por Jesus, que recebe Jesus em sua casa.


Um fato abala a vida desta família: um irmão (Lázaro) está gravemente doente. As "irmãs" mostram o seu interesse, preocupação e solidariedade para com o "irmão" doente e informam Jesus.


A relação de Jesus com Lázaro é de afeto e amizade; mas Jesus não vai imediatamente ao seu encontro; parece, até, atrasar-se deliberadamente (vers. 6). Com a sua passividade, Jesus deixa que a morte física do "amigo" se consume. Provavelmente, na intenção do nosso catequista, o pormenor significa que Jesus não veio para alterar o ciclo normal da vida física do homem, libertando-o da morte biológica; veio, sim, para dar um novo sentido à morte física e para oferecer ao homem a vida eterna.


Depois de dois dias, Jesus resolve dirigir-se à Judeia ao encontro do "amigo". No entanto, a oposição a Jesus está, precisamente, na Judeia e, de forma especial, em Jerusalém. Os discípulos tentam dissuadi-l'O: eles não entenderam, ainda, que o plano do Pai é que Jesus dê vida ao homem enfermo, mesmo que para isso corra riscos e tenha de oferecer a sua própria vida. Jesus não dá atenção ao medo dos discípulos: a sua preocupação única é realizar o plano do Pai no sentido de dar vida ao homem. Jesus não pode abandonar o "amigo": Ele é o pastor que desafia o perigo por amor dos seus.


Ao chegar a Betânia, Jesus encontrou o "amigo" sepultado há já quatro dias. De acordo com a mentalidade judaica, a morte era considerada definitiva a partir do terceiro dia. Quando Jesus chega, Lázaro está, pois, verdadeiramente morto. Jesus não elimina a morte física; mas, para quem é "amigo" de Jesus, a morte física não é mais do que um sono, do qual se acorda para descobrir a vida definitiva.


Por esta altura, entram em cena as "irmãs" de Lázaro. Marta é a primeira. Vem ao encontro de Jesus e insinua a sua reprovação: Jesus podia ter evitado a morte do amigo, se tivesse estado presente, pois onde Ele está reina a vida. No entanto, mesmo agora, Jesus poderá interceder junto de Deus, Deus atendê-lo-á e devolverá a vida física a Lázaro. Marta acredita em Deus; acredita que Jesus é um profeta, através de quem Deus atua no mundo; mas ainda não tem consciência de que Jesus é a vida do Pai e que Ele próprio dá a vida.


Jesus inicia a sua catequese dizendo-lhe: "teu irmão ressuscitará". Marta pensa que as palavras de Jesus são uma consolação banal e que Ele se refere à crença farisaica, segundo a qual os mortos haveriam de reviver, no final dos tempos, quando se registasse a última intervenção de Deus na história humana. Isso ela já sabe; mas não chega: esse último dia ainda está tão longe...


Jesus, no entanto, não fala da ressurreição no final dos tempos. O que Ele diz é que, para quem é amigo de Jesus, não há morte, sequer. Jesus é "a ressurreição e a vida". Para os seus amigos, a morte física é apenas a passagem desta vida para a vida plena. Jesus não evita a morte física; mas Ele oferece ao homem essa vida que se prolonga para sempre. Para que essa vida definitiva possa chegar ao homem é necessário, no entanto, que o homem adira a Jesus e O siga, num caminho de amor e de dom da vida ("todo aquele que vive e acredita em mim, nunca morrerá"). A comunidade de Jesus (a comunidade dos que aderiram a Ele e ao seu projeto) é a comunidade daqueles que já possuem a vida definitiva. Eles passarão pela morte física; mas essa morte será apenas uma passagem para a verdadeira vida. E é essa vida verdadeira que Jesus quer oferecer. Confrontada com esta catequese ("acreditas nisto?"), Marta manifesta a sua adesão ao que Jesus diz e professa a sua fé no Senhor que dá a vida ("acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo").


Maria, a outra irmã, tinha ficado em casa. Está imobilizada, paralisada pela dor sem esperança. Marta - que falara com Jesus e encontrara n'Ele a resposta para a situação que a fazia sofrer - convida a irmã a sair da sua dor e a ir, por sua vez, ao encontro de Jesus. Maria vai rapidamente, sem dar explicações a ninguém: ela tem consciência de que só em Jesus encontrará uma solução para o sofrimento que lhe enche o coração. Também nas palavras de Maria há uma reprovação a Jesus pelo fato de Ele não ter estado presente, impedindo a morte física de Lázaro. Jesus não pronuncia qualquer palavra de consolo, nem exorta à resignação (como é costume fazer nestes casos): vai fazer melhor do que isso e vai mostrar que Ele é, efetivamente, a ressurreição e a vida.


A cena da ressurreição de Lázaro começa com Jesus a chorar (vers. 35). Não é pranto ruidoso, mas sereno... Jesus mostra, dessa forma, o seu afecto por Lázaro, a sua saudade do amigo ausente. Ele - como nós - sente a dor, diante da morte física de uma pessoa amada; mas a sua dor não é desespero.


Jesus chega junto do sepulcro de Lázaro. A entrada da gruta onde Lázaro está sepultado está fechada com uma pedra (como era costume, entre os judeus). A pedra é, aqui, símbolo da definitividade da morte. Separa o mundo dos vivos do mundo dos mortos, cortando qualquer relação entre um e outro.


Jesus, no entanto, manda tirar essa "pedra": para os crentes, não se trata de duas realidades sem qualquer relação. Jesus, ao oferecer a vida plena, abate as barreiras criadas pela morte física. A morte física não afasta o homem da vida.


A ação de dar vida a Lázaro representa a concretização da missão que o Pai confiou a Jesus: dar vida plena e definitiva ao homem. É por isso que Jesus, antes de mandar Lázaro sair do sepulcro, ergue os olhos ao céu e dá graças ao Pai (vers. 41b-42): a sua oração demonstra a sua comunhão com o Pai e a sua obediência na concretização do plano do Pai. Depois, Jesus mostra Lázaro vivo na morte, provando à comunidade dos crentes que a morte física não interrompe a vida plena do discípulo que ama Jesus e O segue.


A família de Betânia representa a comunidade cristã, formada por irmãos e irmãs. Todos eles conhecem Jesus, são amigos de Jesus, acolhem Jesus na sua casa e na sua vida. Essa família também faz a experiência da morte física. Como é que deve lidar com ela? Com o desespero de quem acha que tudo acabou? Com a tristeza de quem acha que a morte venceu, por algum tempo, até que Deus ressuscite o "irmão" morto, no final dos tempos (perspectiva dos fariseus da época de Jesus)?


Não. Ser amigo de Jesus é saber que Ele é a ressurreição e a vida e que dá aos seus a vida plena, em todos os momentos. Ele não evita a morte física; mas a morte física é, para os que aderiram a Jesus, apenas a passagem (imediata) para a vida verdadeira e definitiva. Para os "amigos" de Jesus - para aqueles que acolhem a sua proposta e fazem da sua vida uma entrega a Deus e um dom aos irmãos - não há morte... Podemos chorar a saudade pela partida de um irmão, mas temos de saber que, ao deixar este mundo, ele encontrou a vida plena, na glória de Deus.

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HISTÓRICO DO TERÇO

Noticias de Roma

Domingo, 02 de maio de 2010, 11h47

Papa venera Santo Sudário em Turim, norte da Itália

Da Redação

''Cristo enfrentou a cruz para colocar um limite ao mal'', diz Papa em Turim
Bento XVI realizou, neste domingo, sua visita pastoral à cidade de Turim, norte da Itália, para venerar o Santo Sudário, mortalha que teria envolvido o corpo de Cristo ao ser colocado no túmulo. O pontífice partiu esta manhã às 8h15 do aeroporto romano de Ciampino e chegou às 9h15 locais ao aeroporto de Turim, onde foi acolhido pelo Cardeal Severino Poletto, Arcebispo de Turim, e outras autoridades eclesiais, além dos representantes do governo e pelo prefeito dessa cidade. A seguir, o Papa se dirigiu para a Praça São Carlos onde foi acolhido por mais de 50 mil fiéis. Bento XVI agradeceu a população de Turim pelo caloroso acolhimento e iniciou a celebração da Eucaristia. Em sua homilia, Bento XVI ressaltou que no passado a Igreja em Turim "conheceu uma rica tradição de santidade e generoso serviço aos irmãos graças à obra de zelosos sacerdotes, religiosos, religiosas de vida ativa e contemplativa e de fiéis leigos". Sendo assim, as palavras de Jesus no Evangelho de hoje, 'Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros', "adquirem uma ressonância particular para esta Igreja, uma Igreja generosa e ativa, a começar por seus padres" – frisou o papa. O Santo Padre sublinhou que "amar os outros como Jesus nos amou é possível somente com aquela força que nos é comunicada na relação com Ele, especialmente na Eucaristia, em que o seu Sacrifício de amor que gera amor se torna presente de modo real". O Papa disse aos sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas de Turim, para que "centralizem sua existência no essencial do Evangelho; cultivem uma real dimensão de comunhão e fraternidade dentro do presbitério, de suas comunidades, nas relações com o Povo de Deus; testemunhem no ministério o poder do amor que vem do Alto". O Pontífice sublinhou que "a vida cristã, caros irmãos e irmãs, não é fácil; sei que também em Turim não faltam dificuldades, problemas, preocupações: penso, em particular, naqueles que vivem concretamente a sua existência em condições de precariedade, por causa da falta de trabalho, da incerteza pelo futuro, pelo sofrimento físico e moral; penso nas famílias, nos jovens, nas pessoas idosas que muitas vezes vivem a solidão, nos marginalizados, nos imigrantes". Bento XVI exortou as famílias "a viverem a dimensão cristã do amor nas simples ações cotidianas, nas relações familiares superando divisões e incompreensões, ao cultivar a fé que torna a comunhão ainda mais sólida". "Aquele que foi crucificado, que partilhou o nosso sofrimento, como nos recorda também, de modo eloqüente, o Santo Sudário, é aquele que ressuscitou e nos quer reunir todos em seu amor. Cristo enfrentou a cruz para colocar um limite ao mal" – disse ainda o Pontífice. O Papa exortou a Igreja em Turim a permanecer firme naquela fé que dá sentido à vida e que jamais perca a luz da esperança no Cristo Ressuscitado, "que é capaz de transformar a realidade e tornar novas todas as coisas" – concluiu o Santo Padre. Siga o Canção Nova Notícias no twitter.com/cnnoticias Conteúdo acessível também pelo iPhone - iphone.cancaonova.com

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